Ah... O que quer uma Mulher? Ou
será, o que querem as mulheres? Ou ainda, o que quer “esta” mulher? Tantas
perguntas, dúvidas e questionamentos, cercam o universo feminino. Talvez um
enigma a ser desvendado pelos estudiosos, pelos homens com as quais convivem e,
sem sombra de dúvida, por elas mesmas.
Mas será que as próprias mulheres
sabem, realmente, o que querem?
Carinho, atenção, respeito, amor,
companheirismo... Tudo isso faz parte do repertório de uma mulher quando
questionada à respeito do que ela gostaria de um homem. No entanto, existem homens
que oferecem todos esses atributos, e ainda assim, no discurso feminino, isso
não é suficiente.
A pergunta “O que quer uma
Mulher?”, foi feita por Freud a Marie Bonaparte, sua analisanda e discípula
direta, com uma boa dose de desânimo e espanto. Sentia-se diante de uma espécie
de “enigma” que não conseguia desvendar: “A
grande pergunta que não foi nunca respondida e que eu não fui capaz ainda de
responder, apesar de meus trinta anos de pesquisa sobre a alma feminina é – o
que quer uma mulher?” (Bertin, 1989, p.250).
Claro que as mudanças ocorridas,
relativas ao lugar social da mulher na cultura e no contexto familiar,
propiciaram a esta sair de um lugar, até então, praticamente materno e voltado
às necessidades da família, para uma posição mais ativa. Agora, essa mulher não
se dedica somente a maternidade e o lar, ela cresceu no mercado de trabalho,
conquistando um lugar que, até então, era exclusivo aos homens, ou pelo menos,
quase que exclusivo.
Porém, tudo tem um preço. Assim
como as histéricas do século XIX que Freud tratava, pareciam protestar, com
seus sintomas, contra a fixação de suas vidas ao lar e à maternidade, os
sintomas femininos contemporâneos parecem denunciar o mal-estar e as
contradições com as quais as mulheres se confrontam na atualidade, sejam elas
mães ou não (Nunes, 2011).
Ora, se todo o trabalho e protesto
da revolução feminista tinham como objetivo “libertar” as mulheres de uma vida
quase que completamente aprisionada dentro de regras e limitações impostas por
uma sociedade machista e patriarcal, era de se esperar que essas mulheres
pudessem se realizar, serem felizes, gozando de tal liberdade. Entretanto, não
é bem isso que vemos.
Sim, as mulheres assumiram mais
papéis, mais funções, consequentemente, as cobranças vieram. Os sintomas? Não
seriam eles um grito de socorro, visto que essa liberdade trouxe uma quantidade
muito maior de coisas a serem feitas? Acúmulo de tarefas, obrigações quanto ao
trabalho, à família, filhos, escola, amigos...
Mas, por que será que ainda assim,
o desconforto emocional, a sensação de vazio, de não serem compreendidas e
amadas, ainda perseguem as mulheres?
Afinal, o que querem as mulheres?
Muitas e diversas coisas, certamente, mas quando damos ouvidos às suas queixas,
como fez Freud com suas histéricas, descobrimos que, antes de tudo, elas querem
liberdade e condições que lhes permitam desejar sem precisar pagar o alto preço
da culpa.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BERTIN, C. (1989) A última Bonaparte. Rio de Janeiro:
Escuta.
NUNES, S. A. (2011) “Afinal, o que
querem as mulheres? Maternidade e mal-estar”. Psicol. Clín. (vol.23, nº2). Rio de Janeiro: IMS/UERJ.