E tudo começou assim... “Posso te adicionar à
minha rede de amigos?”
Sem dúvida, ele nunca falou que gostava dela,
talvez do jeito comum, trivial, mas falou em forma de poemas e canções. Ela
sim, usou a forma mais comum para expressar aquilo que estava sentindo: as
expressões “Gosto de Você”, “Amo Você”.
Tomado por um ódio incontrolável, por ela
tê-lo excluído de seus contatos, ele diz: “Eu nunca falei que gosto de você”.
Ah, o amor é mesmo tão contraditório, ama-se e
odeia-se em frações de segundos. Na verdade, o amor é assim contraditório, ou
as pessoas é que assim o são?
Por que será que, no momento em que estamos
mergulhados e invadidos por este sentimento, nos sentimos tão fortes e, ao
mesmo tempo, tão vulneráveis? Por que esse sentimento é tão construtivo e tão
poderoso, porém, somos capazes de destruir nosso objeto de amor, simplesmente,
com a força das palavras? O quão narcísico ficamos no momento em que estamos
nessa relação com o Outro, ou nos sujeitamos a permanecer submissos aos desejos
e devaneios desse suposto amor?
Jacques-Alain Miller em entrevista para a
Psychologies Magazine, diz que amar verdadeiramente alguém é acreditar que, ao
amá-lo, se alcançará uma verdade sobre si. Afirma que, para amar, é necessário
confessar sua falta e reconhecer que se tem necessidade do outro, que ele lhe
falta. Os que crêem ser completos sozinhos, ou querem ser, não sabem amar.
O que buscamos no Outro quando nos sentimos
apaixonados? Uma resposta para as nossas faltas, angústias e dores existências?
O desejo incansável de nos sentirmos desejados por esse Outro?
Buscamos, buscamos, e, ao mesmo tempo, não
sabemos ao certo o que buscamos...