Passamos, por um tempo, tão confortáveis,
sendo alimentados, temperatura perfeita, oxigênio no nível ideal, sem esforço,
sem absolutamente preocupação alguma. De repente, alguém diz: chegou a sua
hora, a mordomia acabou! E acabou mesmo.
Simplesmente somos arrancados
daquele estado de prazer absoluto, e eis que alguém nos diz: bem-vindo à
realidade! Ó céus, que choque de sensações!
Nascemos, e aí? Estamos agora
diante da realidade, com todos os seus prazeres e desprazeres possíveis.
Faremos o que? Seremos o que? Desejaremos o que? Tantas expectativas são postas
sobre nós... até mesmo antes de nascermos. E como será, caso eu não corresponda
aos desejos dos outros? Como lidar com as frustrações que nos são apresentadas,
dia após dia, hora após hora?
Os livros e os poetas cantam a
melodia em forma de palavras, o quanto a Vida é importante, agradecer pela
dádiva de estarmos vivos, sorrir ainda que as circunstâncias sejam
devastadoras. Afinal, devemos encontrar algo de bom?
Muitas pessoas conseguem olhar para
essa tal realidade e se preencherem, sentir que algo pode suscitar prazeres,
desejos, despertar ambições e estabelecer objetivos. Conseguem, ainda que se
deparem com os seus sofrimentos e frustrações, se erguerem e movimentarem suas
pulsões para algo construtivo. Porém, nem todos têm o mesmo êxito. Nem todas as
pessoas conseguem repensar e dar um outro sentido para as suas perdas, para
suas fantasias nunca realizadas, sonhos guardados e, talvez, nunca revelados...
E essas dores vão crescendo, tendo cada vez mais contornos expressivos, ficando
cada vez mais elaboradas e densas. O corpo vai reagindo em paralelo,
somatizações das mais simples às mais complexas.
O colorido do dia torna-se preto e
branco, o sorriso dá lugar ao choro, e o brilho dos olhos à tristeza. Respirar
se torna insuportável.
Como sair de uma condição de tanto
prazer e saciedade, e acabar sendo conduzido para um empobrecimento afetivo e
psíquico, ao ponto de o “viver” ser sentido como uma dor real?
Será aí, o momento em que o “viver”
se torna insuportável?
Gostei muito do texto, parabéns!!!
ResponderExcluirO texto é muito triste, mas verdadeiro.
ResponderExcluirDaqui a pouco o Sol voltará a brilhar!
ResponderExcluirTexto belíssimo!!! Eu prefiro viver uma vida colorida, com que eu possa determinar a forma da mesma; do que viver uma vida insuportável.
ResponderExcluirAcredito que toda alvorada traz em si a centelha que pode acender a chama de um novo dia. Por mais cinza e nublado, atrás das mais pesadas nuvens existe um céu azul. Quando conseguimos vencer essa barreira, o caminho para a v8da de saciedade e prazeres que havia se escondido volta a surgir à nossa frente. Cabe a nós o exercicio diário de enxergar através das nuvens. Parabéns pelo seu texto e obrigado por compartilhar. Um abraço, João
ResponderExcluirPenso que o ¨viver¨ torna-se insuportável apenas quando não procuramos constatar pelo menos um momento feliz da vida, por dia. Se todos fizessem este exercício de reflexão, parar e pensar em algum momento feliz ao longo do seu dia, ao invés de serem conduzidos para um empobrecimento ¨Afetivo e Psíquico¨, seriam conduzidos para um enriquecimento ¨Afetivo e Psíquico¨, e neste momento veriam que o ¨viver¨ é Suportável.
ResponderExcluirA mente que modela nossas percepções ou as percepções do mundo modela nossa mente, num conjunto de informações nossa realidade muda a todo instante e somos modelados ou moldados por tudo aquilo que acreditamos. Parabéns Andréa, sua visão da formação, dos conceitos, da amplitude que contorna o ser pode fundamentar uma teoria dos problemas que nos cercam, trazendo luz ao entendimento.
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